terça-feira, janeiro 02, 2007

E C S 11 TEXTO INICIAL


UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PEDAGOGIA ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
DISCIPLINA: ESCOLA CULTURA E SOCIEDADE
NOME: NAIR MARILI
POLO ALVORADA
PROFESSORA VERA CORAZZA
TUTORA: FERNANDA HOFFMAM









DESIGUALDADE EDUCACIONAIS NO BRASIL ENTRE ESTADO, PRIVATIZAÇÃO E DESENTRALIZAÇÃO.





A herança da desigualdade na educação do país Um dos países com pior distribuição de renda, o Brasil enfrenta o desafio de superar a herança da desigualdade na área da educação. Em comparação com outras nações em desenvolvimento e ricas, o Brasil apresenta um dos mais altos índices de transferência de desigualdade educacional de pais para filhos - distância em anos de estudo em relação à média de escolaridade de cada geração. No país, 68% da desigualdade educacional verificada na geração dos pais são transferidos para os seus filhos. Isso mostra que há uma baixa mobilidade na educação e explica, em parte, por que a desigualdade de renda é tão persistente entre nós. As conclusões - baseadas em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do IBGE - são de estudo de Fernando Veloso, economista e professor do Ibmec Educacional, e Sergio Ferreira, professor da Cândido Mendes e economista do BNDES.Segundo o trabalho, a transmissão da desigualdade educacional chega a 68% no Brasil - número semelhante apenas ao da Colômbia (70%) - e é bem menor em outros países em desenvolvimento, como México e Peru (ambos com 50%). E cai para apenas 20% na Alemanha e 19% na Malásia. "Há enorme vantagem para os mais ricos no Brasil"O indicador de transferência da desigualdade na educação é pior quanto mais perto de 100% e melhor quanto mais próximo de 0% (veja nota metodológica ao lado). O trabalho dos dois economistas será publicado na próximo edição da revista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). - A escolaridade em geral está aumentando no Brasil, mas a distância entre aqueles de baixa escolaridade e os que têm elevada escolaridade ainda é grande. O brasileiro está herdando uma desigualdade na educação transmitida de pai para filho. Isso dá uma enorme vantagem aos mais ricos - diz Veloso. Segundo o trabalho de Ferreira e Veloso, a chance de um filho de um pai sem instrução (com até um ano de estudo) repetir a escolaridade do pai é alta: 34%. E de esse filho obter o ensino superior é de só 1%. Já na outra ponta, a probabilidade de um filho de um pai que concluiu a faculdade repetir o seu desempenho chega a 60%. Morador de Campo Grande, na Zona Oeste, José Augusto dos Santos, de 41 anos, que o diga. Ele avançou em relação aos pais, que têm baixa renda e não chegaram a completar o primário. Mas foi travado por falta de oportunidade e dinheiro. Hoje funcionário da Cedae, onde ganha líquidos R$ 600 (sem contar horas extras), lamenta não ter tido chance de passar do antigo ginasial. - Meus pais não tinham condições e eu fazia biscates. Fui estudar num colégio particular, mas parei porque não conseguia pagar. Hoje pago a escola de meus dois filhos, mas tenho medo de não poder continuar - diz Santos, acentuando que nos últimos anos viu seu salário perder poder de compra. Economistas defendem mais eficiência no gasto públicoPara encurtar a distância entre a renda dos mais pobres e dos mais ricos, os dois economistas defendem investimentos maciços de recursos públicos nos ensinos fundamental e médio, melhorando a eficiência dos gastos. Além disso, pregam a melhoria do acesso das pessoas mais pobres ao ensino superior, medida em estudo no governo Lula.Veloso ressalta que essas medidas qualificariam mais o trabalhador brasileiro, melhorando a produtividade do país e o crescimento econômico: - É preciso atacar a transmissão elevada da desigualdade de uma geração a outra. Mudar a distribuição de renda no Brasil passa por uma reforma profunda do sistema educacional. É uma decisão política - diz Veloso.Ele enfatiza que cerca de 50% da desigualdade de renda do país têm relação com o nível de educação do trabalhador e compara:- Na Alemanha, por exemplo, todos vão para a mesma escola. Não interessa se a pessoa nasceu numa família muito educada ou não. Ferreira, do BNDES, ressalta que hoje os filhos dos mais ricos freqüentam o ensino médio particular, em geral de melhor qualidade, e entram em faculdades públicas, que oferecem melhor ensino. Já os filhos dos mais pobres estão na rede pública de ensino médio e, quando conseguem, entram para universidades privadas, de menor qualidade. Para ele, hoje é preciso oferecer aos mais pobres um sistema de crédito educativo mais eficiente no ensino superior.- O Brasil gasta muito em educação, mas há uma ineficiência grande. Tem que melhorar a eficiência do gasto público. Há uma mobilidade educacional baixa porque o sistema público de educação perpetua uma desigualdade. Ele não funciona bem para permitir que os filhos dêem grandes saltos em relação ao pais. O crédito educativo, por exemplo, permite que o estudante escolha uma escola de melhor qualidade, reduzindo a transmissão da desigualdade.A pesquisa dos economistas mostra também que a transferência de desigualdade na educação, embora ainda elevada, está diminuindo para os mais jovens. Por exemplo: um filho que nasceu entre 1932 e 1936 herdou do seu pai um índice de desigualdade de 75%. Já quem nasceu entre 1962 e 1966, hoje na faixa dos 40 anos, herdou uma taxa de transferência de desigualdade menor: 60%. E os que têm mais de 30 anos herdaram índice de 52%. A advogada Sonia Maria Andrade dos Santos, de 40 anos, é um exemplo. Ela conseguiu ir além da escolaridade dos seus pais, que não chegaram a concluir o ensino médio. Sonia seguiu o caminho de muitos brasileiros de famílias mais pobres que chegam à faculdade: estudou até o ensino médio na rede pública e completou o curso de direito em uma universidade particular. Hoje, pós-graduada em direito empresarial e responsável por um cartório no Centro do Rio, Sonia compara as oportunidades entre a sua geração e a geração atual: - Quando eu estudava em escolas públicas, havia dificuldades, mas o ensino era mais forte do que hoje. Havia mais oportunidade para quem vinha da rede pública. Hoje é mais difícil: a rede está degradada e o professor, que é mal remunerado, desvalorizado.

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